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terça-feira, 28 de novembro de 2006

a sacerdotisa



por tempos

que não determinei

a vi envolta

na fumaça

que se produzia

na cozinha.

o ritual dos afazeres

era embalado pelo seu canto

por cima do balcão havia sempre folhas estranhas

que não podia eu tocar

os caldeirões fumegavam,

a cor das brasas me atraiam o olhar,

a cor negra de sua pele também.

alguns a chamavam sacerdotisa. eram seus, os tambores das noites.

mas eu sentia que suas mãos podiam salvar e podiam matar.

gostava do barulho, das brasas, de ficar na cozinha

de ouvir o canto baixinho e repetido:

"sou de nanã, êaaa,êaaa êaoooo, sou de nanã!..."

guardei os traços do seu rosto como uma imagem presa a uma parede.

guardei o som que mais tarde

ouviria nos cultos aos orixás...

em terreiros de outras sacerdotisas.

mas sei:

nanã andou envolta na fumaça daquela cozinha...

como a proteger.me do destino.

foto de Alba Luna

8 comentários:

  1. Olá Cordda

    Visitei todos os cantos da tua "casa" e encontrei tantos encantos repletos de encantos.

    Se não te importares voltarei:)

    Beijinhos com carinho
    bom resto de semana

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  2. My God!

    Aqui cheira a canela e sabe a África. Sinto-me como em casa.

    :)

    Parabéns!

    Abraço

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  3. Gosto do estilo. Parabéns.
    Abraço
    AG

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  4. Martins

    volta. eu quero que voltes.

    obrigado pelo encanto que encontrou.

    cordda

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  5. Saltimbanco

    o cheiro é exatamente esse.
    bom que o tenha reconhecido.

    sinta.se sim.

    cordda

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  6. Guerreiro

    não há estilo. são lembranças. nada mais. mas obrigado pelo elogio.


    cordda

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