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quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

o pescador
























era um pescador
o homem que me ensinou a amar o mar
o via de cócoras na porta do seu casebre
remendando a grande rede

um negro alto
de mãos grandes
de olhos profundos
cheirava a mar

com a rede as costas
caminhava a passos lentos
em direção à prainha

descalço, sempre.

na ponte de madeira
eu me deitava para pegar siris
tinha minha redinha
era sempre no fim da tarde
na grande ponte de madeira
ao lado da prainha...

ali ouvia o sino dobrar as seis horas
via o entardecer
ouvia as suas histórias
as ondas do mar bater levemente

ele cozinhava pra nós alguns siris
e assistíamos o sol deixar o céu.


meu amigo pescador me dizia:

- agora é hora dele ir ...
clarear outras bandas
outras terras ...
outras gentes...

foto carlos matos

7 comentários:

  1. há sempre algo que me denuncia mesmo quando escrevo português e não berbere ... porque será?

    o signo marca.nos e persegue.nos ,como a pesca persegue o pescador

    não sei bem se é a pesca que persegue o pescador ou se o pescador persegue a pesca

    não interessa
    ou interessa

    apenas

    o gosto bom de te ler
    pescado


    um bêje!

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  2. este teu poema fez-me recordar o Siddharta de Herman Hesse...

    lindíssimo.

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  3. Bonito demais!

    Tema forma conteúdo imagem.

    Sai feliz daqui

    Bjs

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  4. Sr. do Deserto


    realmente não importa...ambos perseguem.se.

    e eu a ti e tu a mim...nos cantos das palavras.

    um abraço

    cordda

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  5. EfeMerum

    é bem possível...
    agradeço o elogio.

    cordda

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  6. Non

    Agradeço. tentei que a lembrança fosse o mais próxima do que vivi.

    e se saiu feliz é porque o consegui.


    cordda

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  7. Couto


    já lá estive e voltarei ao Cabaré das memórias revividas.

    gostei


    cordda

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