imagem de hispanico

domingo, 21 de outubro de 2007

rua de sombras e risos


quis mais do que fui viajante
o tempo é bem menos largo
se olhamos suas sombras
quis-me aventureiro
no meu lugar agreste
mas lá o tempo arrastava-se
reduzia-me o apetite
instância dos meus desejos
todos os caminhos levavam
ao mesmo lugar
pouco adiantava fugir das sombras
mas havia uma rua
uma rua que nunca dormia
uma rua de implacáveis risos
onde era proibido ir
repleta de personagens
que viviam como lâminas
afiados e prontos para
lutar , viver ou jazer
muito mais tarde descobri
que lá na rua dos risos
havia muito mais romantismo
e liberdade que jamais
encontrei em outro lugar.
suas sombras possuíam vidas.
foto de Lumase

quarta-feira, 18 de julho de 2007

cresci...assim




Cresci
sentindo o cheiro do óleo do navio
tocando as cordas e suas espessuras diversas
observando o movimento dos marinheiros
ouvindo o ruído do cais do porto

cresci
querendo ser forte como o casco do navio
ecperimentando a sensação nauseante
a sensação do balanço que o mar
provocava no meu corpo

cresci
desejando conduzir navios
em meio ao cheiro do óleo
ao movimento dos homems
aos nós das cordas

cresci querendo o mar só pra mim.



foto de Rojo

sábado, 20 de janeiro de 2007

porto partido


ao porto ali
cheguei no exato instante
no exato tempo dos falsos milagres
o homem não é mais árvore
agora seu símbolo
é um mero símbolo
escurecido de fumaça-motor
sem sentido de ser
meu desafio era o porto
meu corpo ali
minha mente no movimento
pois que dali iria partir
e via no porto
gosto amargo mal governado
alianças inescrupulosas
intolerantes homens
imorais e alheios pensamentos
estranho caráter do homem
que separou.se da natureza
sofrimentos e sombras
deixei no porto
quando parti...
foto de paulo cesar

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

apanhador de almas


chamam.me apanhador
eram centenas delas
almas que um dia vi
o lugar grande, árvores centenárias
concreto, terra,
escura e esfumaçada terra
todo o lugar
história de um tempo
eram muitas as almas
lembro.me
ouvi.as,
vi.as
estavam lá ansiosas
eu apanhava cada uma delas
trazi.as com minhas mãos
caminhavam para o lado
em que morno era o sol
era o outro lado
que deixava.as
as almas intensas
surreal dia em que vivi
de pé
ao portão com centenas de almas
faces...voltadas para o branco céu
eram almas...sem morte
só almas que a mim cabia
levar para o outro lado
deixei.as ao fim daquele estranho dia
.....
mas,
ainda
chamam.me apanhador
pois que um dia
fui apanhador de almas
foto Ilona Wellmann

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

estação de voz vazia


na estação
lutei contra o vento
seu barulho me ensurdecia
sua força contra meu rosta batia
precisei vencer o nevoeiro
que escondia pessoas
o minuto que deixava, vagarosamente
de ser madrugada
posto que já amanhecia
na estação
vozes por todos os lados
em mim uma voz vazia
um silêncio que ninguém ouvia
tateio a escada
ainda tenho as chaves de casa
entre os dedos
mas a casa ficou pra trás
agora sou eu, a estação
e os trilhos da estrada vazia.
foto Cosmin Bumbut

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

a ponte e as pedras


era mesmo longa e alta
a ponte que avistei no fim da vila
e lenta a rotação da água
maré sem onda
maré sem barulho
percebi que entrei no mundo pelo fundo
e antes que a luz fugisse
sentei a escrever,
despedida...
concedi meu tempo por inteiro
por um tempo inteiro
vi o mundo aos retalhos
deixei tudo para trás
sentado na ponte ocultei o céu
espantei o frio do fim da tarde
já não ouvia mais o sino
vi as pedras
a lembrar.me que
aqui não é o meu lugar
deixei a ponte, deixei os retalhos,
a terra de chão batido,
o som do meu sino...
mais tarde descobri que trouxe o peso das pedras
que da ponte eu vi.
foto Bartek B

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

luz de âmbar


no vaso de pedra continha âmbar
clareava o ambiente
mantinha a luz do meu lugar
o âmbar amarelo
a queimar as dores aprisionadas
acesa era o brilho da noite
que atravessei sentado na proa do barco
sua luz afastou o mal, curou.me
a noite caída
mergulho nas minhas raízes
deixo a fonte do âmbar ser a luz
no negror daquela madrugada
a força do âmbar ressucita.me
no meio do mar
condenado ao absurdo
uso a singular luz do meu âmbar
para mudar o destino

sábado, 6 de janeiro de 2007

minha noite


a noite é uma poesia
eu poderia escreve.la de mil formas diferentes
e ainda assim
estaria sendo verdadeira - a minha noite
e todas, seriam encantadoras.
por hora a sinto, a respiro...
a noite possui uma característica
diferenciada do dia:
a noite posso esconder.me
esconder segredos e angústias
que não quero dividir.
mas, a noite é tão real que a inverdade
não cabe e não se alastra
a noite, a noite transporta.me....
fotografia de n.

domingo, 31 de dezembro de 2006

o homem que contempla






longe...um pequeno ponto
avista-o ... é o horizonte
enorme é a extensão do mar...
contempla-o
...o modo de ver o mundo, tão seu.
olhar atento
solitária viagem
o fardo: o ir, o vir
a certeza do ir,
a incerteza do vir
sobrevive se vê, o homem que vai ao mar,
se enxergar com os olhos do espírito
- a inocência da alma -
homem do mar
vê, se vê contempla
medita enquanto percorre
o extenso vazio mar
solitário
e se perder as graças no mar?
está no mar o sustento
na solidão recorda os fragmentos
e lembra que vê
se vê contempla
atravessa a névoa
vence o vento
o homem do mar
nas trevas...
no sol...
na névoa.... quer voltar
experimenta toda a liberdade
de ver
de contemplar.

foto rumen koynov
para Santiago

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

visibilidade


*
sempre temi a cegueira
e por isso
buscava entender o significado de ver
vi diversidade ora em trajes, ora em gestos
vi desigualdade em tons brancos, outras em negros
e por vezes tão distantes eram as imagens...
versões sem nitidez.
vi sim os discursos ocos,
narrados sem direção
traziam risos ou choros
teimavam em cegar-me.
mas, persegui a idéia de ver
mas o que tinha para enxergar?
a alma do mundo?
a alma dos que tantas máscaras vi cair
para um mundo que aos meus olhos
aparecia em tantos formatos,
a vida ali era tão próxima e latente...
...

e as mentes pareciam dormitar
pessoas secundárias
poucos protagonizavam
e meus sentidos me levavam longe
a esfera da razão ou da afetividade
me faltava talento para divinizar
aceitar sem entender, aceitar sem enxergar
me distanciei!
queria saber de onde provinham as imagens.
...

era a idéia de ver que eu perseguia
talvez imaginasse o fim do mundo
num mundo inexplicavelmente sem fim
que vivia
ao redor de mim.
foto luís pinto

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

o quintal...os lençóis...o labirinto


dias negros no fundo do quintal...
dias negros que engendra o verão vermelho
que a tudo queima
e seu poder derribando muitos
daqueles que insistiam vive-lo
...

corria eu pelo quintal naqueles dias negros
não conseguia inventar nem criar nada
corria pra sentir o suor escorrer.me
o peito acelerar....
fazia dos lençóis nos varais
um labirinto desafiador:
sair rápido de dentro deles.
...

eram tantos os lençóis
eram tantas as mortes
tantas as dores
que o tempo não apagou.
...
entardecia no fundo do quintal
era a hora da agonia e da espantosa solidão
eu...só... e o labirinto de lençóis
de onde, por vezes, não desejava sair.
*
foto jovino batista

sábado, 23 de dezembro de 2006

O relojoeiro




O tempo, esse inexorável tempo
precisava de um guardador
o homem pequeno e sereno
o contador
do tempo... esse inexorável tempo.
o homem pequeno
mede a vida
no passar das horas
O relojoeiro
o homem que guarda o tempo
tempo vivido de dor
tempo querido de amor
O relojoeiro
o homem pequeno
o falante homem do tempo
aquele que o vigia
homem das palavras contadas
protege os mistérios do tempo
segura-o nas mãos
esconde-o da vida
entrega-o na morte
O relojoeiro
homem pequeno e falante
zeloso do tempo
vive entre nós
dosando vivência
em pedaços de tempo
que não conhecemos
Mas o relojoeiro
ele sim conhece-o...
o tempo esse inexorável tempo
O relojoeiro
o pequeno homem falante
vigilante do tempo
vive entre nós
na missão de ser o
guardador do tempo.
foto Relógios. Dwight Yoakam

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

vila operária


vi arder o sol
sobre a umidade das folhas
minha cidade desolada
perdia o verde
aglomerados de gente
barracos repletos de miseráveis operários
uma onda de fome...assolava.
via-os perder a ação
as lutas do dia a dia
a lama a cobrir-lhe os pés
os patrões a desnudá.los
crianças largadas nas calçadas descalças
eram calçadas sem fim...
via fracassar as ilusões,
andavam cabisbaixos na estação final
vi a sombra da miséria e da fome
arrastando...guiando
vidas se perdendo
a vila operária inundada do cheiro fétido
esgotos a céu aberto corriam pelo barro
que cobria o chão
quanta dor respirava.se naquele lugar.
vi o infortúnio dos homens,
a velhice precoce das mulheres,
a ausência de sonhos nas crianças,
e por desventura ...lá...
a vida era infinitamente ....longa.
foto ilha grande dos marinheiros web

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Lais de Guia



se quero uma vida é preciso roubá-la

e assim viver

sem amarras

o plano será sempre arriscado

a chave...

saber que és a coisa mais terna

que encontrei

uma sanha de correntes...

um intervalo conexo

fiz raiz

atravessei fronteiras do desconhecido

e inundei-me de argumentos

para não me separar de ti

desfiz amarras

aquém, além de mim,

extremidades livres

fácéis de fazer

difíceis de esquecer

e fugi

ao destino

reservado

destruí o nó recorrente

real e maduro

fiz um nó...outro ...uma conexão,

e tornei.me barco a deriva

de um amor ...meu guia.

foto de antonio guerreiro

*lais de guia é um nó confiável, rápido e fácil de fazer.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

passos...pensar...



um
conflito
fez
surgir...
***
a que lugar meu passos levaria.me?
por mais longa a passada
havia espaço no chão que pisava

avistava o mar
mas a orla tinha uma sombra enorme
eu não podia tocá.la

enquanto andava pensava
qual lugar terei um dia
onde minha mudez se transforme em palavras audíveis?

onde mágoa seja uma lembrança distante?
meu sono deixe de ser indefeso?
minha sombra uma companheira?

vi num papel esquecido num balcão
que homens de olhos puxados
arrastavam.se agachados numa mata
espantando homens de boinas verdes,de suas paisagens.

era o conflito dos homens
lugar onde eu não queria estar
não fui.
fiquei com minha árvore,
meu mar verde,
minha orla com sombra
tendo o céu a cobrir.me

nos sonhos de hoje ainda lembro o dia que indaguei.me:
- a que lugar meu passos levaria.me?
entendi sobre aquele conflito
um tempo mais a frente...
...mas carrego em mim
uma estranha saudade
a saudade do meu pensar
a beira da orla do meu lugar.


foto de luis pinto

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

terra ... passagem


ouvir

o

silêncio.

ouvi

o

silêncio

das folhas...




.....

de um pedaço de terra

fiz passagem

destino selado mais a golpes

do que gestos em lume...que aliviassem


declarei guerra a intolerância.tinha medo

naquela época, do esquecimento ou de jamais poder deslembrar


tive medo...

enquanto caminhava pelas veredas,

pelos bosques.


não me sabia pertencer a qual espaço

me sentia de tantos lugares

me sentia preso a tantos destinos...

mas desejava-me dissidente...

assim e tão somente

buscava momentos de solidão

onde os meus sonhos, moldados, livres

sem ninguém a percebe-los.


usava a bruma das noites frescas do inverno

para arrefecer.me o medo

conhecer.me alma e corpo

natureza e pensar...


sabia.me transgressor

das realidades diante e ao redor de mim...


elas eram parte viva e latente

poderosamente latente

de minha vida

cabia.me aprender a usá-las.reconhece.las.

saber ve.las até mesmo sem olhar.

foto de alexandre costa

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

o pescador
























era um pescador
o homem que me ensinou a amar o mar
o via de cócoras na porta do seu casebre
remendando a grande rede

um negro alto
de mãos grandes
de olhos profundos
cheirava a mar

com a rede as costas
caminhava a passos lentos
em direção à prainha

descalço, sempre.

na ponte de madeira
eu me deitava para pegar siris
tinha minha redinha
era sempre no fim da tarde
na grande ponte de madeira
ao lado da prainha...

ali ouvia o sino dobrar as seis horas
via o entardecer
ouvia as suas histórias
as ondas do mar bater levemente

ele cozinhava pra nós alguns siris
e assistíamos o sol deixar o céu.


meu amigo pescador me dizia:

- agora é hora dele ir ...
clarear outras bandas
outras terras ...
outras gentes...

foto carlos matos

domingo, 3 de dezembro de 2006

do lugar que parti



ser alma sossegada

desejar a chuva na seca cíclica

silêncio de mata

cores da mata dentro de mim

sem tempo demarcado

minha humanidade pus a prova

em meio a um caos vivido

lívido e presente

meus momentos tão diferentes de outros

estranho me sentia porque sabia

enxerguei luz onde não havia

imaginária ou real

a quem importava?

meus símbolos , meus signos, meu inconsciente

condenou-me

tinha eu de saber

metade dos céus dentro de mim

metade do inferno vivendo aqui

fiz da solidão, da seca, do caos

ritual de vontades.

livre, quando me senti

fui embora e não olhei

para o que restava de mim naquele lugar.

não encontrei o autor da foto

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

esconderijo



olha comigo do meu esconderijo....














houve uma vez um local.
encontrei-o abandonado,
no meio do nada.
não pertencia a ninguém.



desenhava minha realidade,
buscava entender o vazio.
do que se ocupava o vazio
dentro de mim?



precisei do silêncio

tempo demais...

enquanto isso,
debruçava.me nas páginas
de palavras de outros.

esforço para saber:
amei muitas coisas
que as não há no mundo.

o que teria em comum eu e aquele lugar?

aquela luz?

ali?

por muitas vezes, ali,

alinhei minha linguagem

no papel

e foi a vida,

coisas de que são feitas coisas,

que discorri

solto,

na luz tênue

daquele lugar

o tomei pra mim.


foto josé lopes

terça-feira, 28 de novembro de 2006

a sacerdotisa



por tempos

que não determinei

a vi envolta

na fumaça

que se produzia

na cozinha.

o ritual dos afazeres

era embalado pelo seu canto

por cima do balcão havia sempre folhas estranhas

que não podia eu tocar

os caldeirões fumegavam,

a cor das brasas me atraiam o olhar,

a cor negra de sua pele também.

alguns a chamavam sacerdotisa. eram seus, os tambores das noites.

mas eu sentia que suas mãos podiam salvar e podiam matar.

gostava do barulho, das brasas, de ficar na cozinha

de ouvir o canto baixinho e repetido:

"sou de nanã, êaaa,êaaa êaoooo, sou de nanã!..."

guardei os traços do seu rosto como uma imagem presa a uma parede.

guardei o som que mais tarde

ouviria nos cultos aos orixás...

em terreiros de outras sacerdotisas.

mas sei:

nanã andou envolta na fumaça daquela cozinha...

como a proteger.me do destino.

foto de Alba Luna

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

dias de cárcere



naqueles dias

os conflitos eram intensos.

homens com pés castigados

famintos, de muitas fomes.

mulheres desesperadas

rogavam ao sol,

rogavam na igreja

mas os homens de poder

arrastavam os homens de suas mulheres

valas, celas, buracos, estradas sem retornos.

rogavam as mulheres à lua

esquecidas das panelas,

esquecidas de dar o peito

as crianças sedentas viravam espantalhos.

naqueles dias de cárcere

de lágrimas que queimavam as faces,

de tão choradas e incontroláveis

eu fugia a esconder.me dos homens de roupas verdes,

de paus em punho: incendiários de vidas.

assisti a primeira derrota na contínua luta

do sempre contra o jamais.

foto lara pires

domingo, 26 de novembro de 2006

os trilhos



usei as velas
companheiras da avidez da leitura
que me consumia os dias de vida
queria encontrar os legados
me soube pertencente
de um lugar
de um povo
de uma terra
aonde mataria fomes e sedes

já pensava
tão tenra idade

assisti as travessias muita gente...
muita gente
a atravessar
trilhos urbanos
cheirando óleo


um cheiro que não se esquece.
odor que cedo assimilei.

foto mark freedom

sábado, 25 de novembro de 2006

vi fios tecidos



habilmente tecia

enquanto remungava cumprimentos

as mãos impressionava.me

todos os dias

às horas da tarde...

uma curiosidade aguçada

queria eu entender o mundo

interior das mãos que teciam a beira da calçada.

todo domínio.

ouvia de longe rezas que não compreendiam

o movimento das mãos, tão iguais...

o sol era morno àquela hora da tarde.

pensei na desordem! suas rezas não a protegeram.

a arrancaram da cadeira porque lhe tremiam os nervos.

e seus fios se perderam no vento que soprou.

foto de Carlos C.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

os vidros da infância



igualdade

medida do que herdei

o sagrado ritual

magia

através das janelas

relembranças

diversidades de minhas expressões.

então pensava...

partir de nós para chegar a nós próprios.

o que via no vidro da infância?

aprendia os sentidos, os sentidos pelos sentidos.

somei-os mas, assegurados

senão muito duvidoso e incerto.

vi. nos vidros das janelas.

inventividade dos antepassados.

foto maktub

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

os vultos que vi






vi vultos saindo de todos os lugares.

aprendi que nenhum lugar é aqui,

a menos que sua sombra não queira estar.

vi vultos vagando por aí

a procura do bem,

mas no asfalto vão dar

e se de mim saíam vultos

como vou me encontrar?

agora não sei se estou aqui,

ou se isso é um inferno,

ou não quero enxergar,

ou se os vultos a vagar

me permitirão passar .

começo a contar os dias... quero lembrar.

foto miguel lopes

a porta










a porta que vi fechada



vivia a me incomodar



queria a luz por trás dela



queria a luz a me iluminar







mas a porta vivia fechada



tirando a luz de mim



isso?



isso foi há muito tempo.....

foto josé manuel carvalho